quinta-feira, 28 de maio de 2015

Reduzir a ingestão de gordura ajuda na prevenção de doenças cardíacas?

A dieta em que predomina a ingestão de baixo índice de carboidratos, conhecida como low-carb, vem ganhando cada vez mais espaço entre as publicações científicas que defendem essa forma de emagrecimento e prevenção de doenças cardíacas, informou o médico nutrólogo Bruno Guimarães.
A low-carb reduz a ingestão de carboidratos e aumenta a de gordura

O estudo mais recente, segundo ele, foi conduzido por equipe de especialistas da Universidade de Tulane, em Nova Orleans, EUA, cujo resultado apresentado foi a perda de peso adicional do grupo que utilizou  essa dieta em comparação a um segundo grupo que se submeteu a uma dieta com baixo teor de gordura.

No entanto, a maior vitória advinda desse estudo, de acordo com o nutrólogo, foi a redução dos marcadores relacionados a problemas cardíacos no grupo de pessoas que seguiram a dieta "low carb". Apesar de se alimentarem de uma quantidade considerável de gorduras para compensar a baixíssima ingesta de carboidratos, eles conseguiram maior proteção cardíaca. 

Para nutrólogo, esse é mais um estudo científico que comprova que a redução de gorduras na dieta não tem relação alguma com a prevenção cardíaca. Os indivíduos relataram uma ingestão média de 2.000 calorias por dia antes de iniciar a dieta. Cerca de 90% dos voluntários eram formados por mulheres obesas. 

Dieta low-carb

Os voluntários que se submeteram a essa dieta deveriam ingerir menos de 40 gramas de carboidratos por dia durante um ano, e foram aconselhadas a não alterarem as suas atividades diárias. Foi prescrito substituto de refeição e realizado aconselhamento dietético.

Grupo de baixo teor de gordura

O segundo grupo foi orientado a reduzir a ingestão de gordura dietética a menos de 30% das calorias diárias durante um ano. Foram instruídas também a não alterarem os níveis de atividade. Foi repassado também o substituto de refeição e feito aconselhamento dietético.

Resultado

 O grupo  low-carb, apesar das reuniões de incentivo realizadas constantemente pela equipe de pesquisadores, não conseguiram chegar ao percentual indicado de 40 gramas de carboidratos diários. As mudanças consideráveis ocorreram apenas nos três primeiros meses, quando houve a redução de 240 gramas para 100 gramas de carboidrato por dia. Mas após os 12 meses de experiência, esse percentual subiu para 130 gramas/dia.

Eles reduziram o consumo de carboidratos, porém  mantiveram a ingestão de gordura como faziam antes, além de elevaram de 18% para 25% o consumo de proteínas ao longo do ano, o que representou a  ingestão de uma quantidade de proteína mais alta do que o grupo que foi indicado o baixo teor de gordura.

Baixo teor de gordura
Para esses voluntários, a ingestão de gordura no início foi de 35% do total de calorias, reduzindo somente em 5% nos primeiros meses. Posteriormente, com a ingestão de 500 calorias/dia até o final do estudo, o consumo de gordura diária ficou em cerca de 30 gramas/dia, em compensação eles comeram mais carboidratos, aumentando em 50% o total de calorias.

Massa magra

O resultado foi a maior perda de peso do grupo low-card, apesar de os resultados variarem consideravelmente entre os indivíduos.Esses voluntários também experimentaram um pequeno aumento em massa magra, ao passo que o grupo de baixo teor de gordura perdeu um pouco de massa magra.

Segundo o médico Bruno Guimarães, os low-carbs comeram menos hidratos de carbono, um pouco mais proteína, e aproximadamente a mesma quantidade de gordura que o padrão de dieta americano. 

“O diferencial metabólico nesse tipo de resposta, é que pelo padrão alimentar ocidental atual, em que as ingestas normais nas pirâmides alimentares habituais chegam a superar 60% da proporção diária de macronutrientes, levam a um padrão metabólico desregulado na produção de energia”. 

O excesso de carboidrato deixa o corpo "preguiçoso"
Nesse caso, de acordo com o nutrólogo, alguns indivíduos chegam a utilizar mais de 80% de carboidratos como fonte produtora de energia.

“Assim, esses corpos ficam "preguiçosos" e desacostumados a oxidar gorduras, deixando de utilizá-la como fonte energética, fazendo com que acumule mais adiposidade”.

Segundo o especialista, ao ofertar proporção maior de gordura e restringir drasticamente carboidratos, a pessoa não só conseguirá preparar o corpo para se tornar  uma "máquina"  em queima de gordura para fonte energética, como também estará favorecendo o ganho de músculo por meio do treinamento físico devido ao fato de os alimentos  gordurosos serem ótimas fontes de energia duradouras e os maiores promotores de saciedade. "Como podem observar, a perda de gordura vai muito além da mera restrição calórica", disse.

Conclusão

“Apesar de muitos dos voluntários que se submeteram à low-carb serem pré-dispostos a apresentarem doenças cardíacas, eles obtiveram melhoras mesmo ingerindo índice de gordura saturada  acima do recomendado pela American Heart Association”, observa o nutrólogo. 
Gorduras hidrogenadas e óleos de cozinha refinados devem ser evitados

Ele ressalta que isso não significa sinal verde para que a pessoa passe a consumir gordura de forma desenfreada. Alguns tipos de alimentos gordurosos, por exemplo, são prejudiciais à saúde  devido ao alto índice oxidativo a que são submetidos.

Bruno Guimarães cita a margarina e outras gorduras vegetais hidrogenadas, além dos óleos de cozinha refinados ou embutidos, como alimentos deletérios a saúde. “É prejudicial também ao organismo  dietas com alta ingestão de gordura animal (carne vermelha) sem o consumo de alimentos reguladores (frutas e legumes)”, alerta.

O especialista conclui afirmando que a pesquisa deixa claro que cortar a gordura não melhora a saúde do coração daqueles pré-dispostos a essas patologias, e que mudar o padrão alimentar deve ser feito com orientação adequada, para que não ocorram enganos.


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